“Ousar escrever a sua própria história. Assim são as mulheres que durante séculos corajosamente lutam para desconstruir a cultura do patriarcado, a limitação injusta do papel destas ao privado, aos cuidados do lar, enquanto homens são incentivados ao âmbito público, de poder”. Sob o olhar crítico a essa cultura que chega até a sociedade atual, inicia o prefácio do livro “Mulheres Interseccionalidades: Vivências Amazônicas”, construído por várias autoras e lançado no último dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, na Câmara Municipal de Manaus (CMM). A iniciativa foi proposta pela vereadora Jacqueline Pinheiro, que também está dentre as escritoras.
Coordenada pela Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica (ABMCJ) – Região Norte, representada nacionalmente pela Dra. Maria Gláucia Soares, a obra literária homenageia a luta de mulheres nas mais diversas áreas, de modo especial, as de carreiras jurídica, como da juíza do Tribunal de Justiça do Amazonas (Tjam), Dra. Lídia de Abreu Carvalho, juíza auxiliar da Presidência do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AM), ouvidora da Mulher do TRE/AM, vice-presidente do Conselho de Ouvidores da Justiça Eleitoral (Coje) e vice-presidente Nacional de Honra da ABMCJ.
Ela quem assina o prefácio do livro, trazendo a riqueza dos temas, voltados às mulheres da Amazônia e quem proferiu discurso emocionante na abertura do evento.
“A obra literária, além de trazer temas regionais, das mulheres amazônicas, com ricos detalhes, é uma obra inédita e diferenciada por suas abordagens e diversidades de conteúdos retratados por valorosas mulheres. Cada uma com representatividade e vivências nos seus espaços, que vai além do acervo bibliográfico, mas é instigante na medida que nos motiva, a adesão das grandes pautas femininas. Representa um marco, legado para nossa região em prol das mulheres”, declarou a juíza Lídia de Abreu Carvalho.
Protagonismo feminino
As contribuições somaram densas no livro, com textos reflexivos sobre a importância da ABMCJ na luta dos direitos humanos das mulheres, mulher na política e sua sub-representação, a importância do jornalismo na luta feminina, mães e filhos com autismo, mães chefes de família, ser mulher negra no Amazonas, a experiência de vida da mulher indígena, dentre outros.
Para a coordenadora nacional da ABMCJ – Região Norte, Dra. Glaucia Soares, esse valoroso livro amazônico é a quarta obra lançada em menos de dois anos pela entidade, materializando e eternizando, com a união de esforços de várias autoras, reflexões de extrema importância para as mulheres da região amazônica e para o mundo.
“Esse livro é legado para as atuais e futuras gerações. Somando ao acervo bibliográfico existente, por certo fará a diferença e contribuirá para profundos debates sob o viés feminista, nas comunidades acadêmicas e na sociedade, sempre na busca das mudanças sociais, por um mundo inclusivo, plural e democrático. O saber deve ser compartilhado, principalmente os regionais e os tradicionais. Por isso, a obra eterniza essas experiências tão preciosas”, completou Dra. Glaucia Soares.
Das 16 escritoras e convidadas especiais, dez são mulheres reconhecidas de carreira jurídica, destacando-se ainda no livro a desembargadora Zelite Andrade Carneiro, primeira mulher presidente do Tribunal de Justiça de Rondônia, pioneira mulher procuradora de Justiça do Ministério Público de Rondônia. Foi ainda no Brasil a pioneira mulher na Presidência da OAB (RR), além de estar na presidência da ABMCJ Rondônia (Norte).
Também são destaques, nessa que é considerada obra inédita na região, Organizações Não Governamentais que muitas dessas mulheres fazem parte e que têm protagonismo forte nas pautas femininas.
Dentre essas entidades está a Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica – Região Norte, que é vinculada à Federação Internacional das Mulheres de Carreira Jurídica (FIFCJ), fundada em Paris/França, em 1928, na primeira onda do feminismo. É a maior ONG mundial de juristas femininas (ministras, desembargadoras, juízas, advogadas, promotoras de Justiça, delegadas, defensoras públicas e outras), com assento na ONU e OIT, presente em 79 países, cuja presidência é da pioneira brasileira Dra. Manoela Gonçalves Silva, que também foi homenageada no livro.
A coordenação nacional da ABMCJ – Região Norte também contribuiu com artigo no livro, juntamente com as autoras Arlete Anchieta, do Movimento de Afrodescendentes do Amazonas (Fopaam), com assento na ONU; Maria Santana, do Portal Amazônico; Laura Fragata, Carla Martins, Jacimar Gouvêa (indígena Mara Kambeba), Débora Mafra (delegada), Lívia Negri e Maria Aparecida Veras (ABMCJ).
Manancial de conhecimentos
As contribuições somaram densas no livro, com homenageadas especiais também a essas grandes mulheres: Dra. Manoela Gonçalves, presidente Internacional de Mulheres de Carreira Jurídica; vereadora Maria Jacqueline Pinheiro (ABMCJ); Dra. Liege de Abreu Carvalho (ABMCJ); Dra. Maria das Graças Barbosa, defensora pública de Roraima (ABMCJ), e Dra. Nancy Castro Segadilha (CAAAM, ABMCJ).
O evento de lançamento do “Mulheres Interseccionalidades: Vivências Amazônicas”, que contou com o apoio do cerimonial da Câmara Municipal de Manaus, por meio da sua diretora Ieda Frota, teve a participação de mais de 200 pessoas, entre juristas, Organizações Não Governamentais de mulheres com deficiência, negras, indígenas, quilombolas, academias da Amazônia e universidades.
Fonte: CMM
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